Era um tempo nebuloso, vivido entre a magia e a superstição. Os ventos uivantes competiam com os lobos, que reunidos em círculos, pareciam chamar pelos nomes daqueles que estavam marcados pelo destino.
No céu duas luas, em formação de móbile, apareciam e se escondiam entre nuvens espessas, enquanto dois escudos de fogo sobrevoavam o castelo sem emitir som. O jovem guarda, próximo às torres do castelo viu aquela aparição com profundo espanto. Fez o sinal da cruz e pegou sua espada brilhante. Os escudos caíram próximo ao bosque, onde enormes e misteriosos vultos apareciam entre as árvores. Pensou ouvir cantos profanos e gritos sobrenaturais. Uma revoada de pássaros cortou o silêncio da noite. O soldado segurou com a mão esquerda firmemente a cruz sobre o peito (e com ela o seu segredo) e com a mão direita empunhou a espada circulando, do alto, pelas muralhas do castelo, tentando observar melhor o bosque infernal.
No salão oval, o bispo jogava xadrez com o rei insone. No estábulo, os cavalos aparentavam impaciência. E a rainha vivia aprisionada em seu quarto de cristal.
O soldado, com sua cruz em forma de chave, desceu as escadarias da muralha, indo até um portão secreto, próximo à ponte elevadiça. Ao abrir a porta, assustou-se com duas sombras que passaram por ele apressadas. A primeira a própria, e a segunda de uma jovem vestida de preto, que entre as sombras e luzes do bosque desapareceu assim como surgiu... Olhou para trás e viu o imponente castelo e na muralha, em seu lugar, outro guarda procurando pelo desertor... Sua ação de deixar o posto não tinha mais volta. Então, virou-se em direção ao bosque, pisando sobre as pegadas da mulher que o encantou... A noite estava fria, mas o tremor que sentia era por outro motivo, que naquele momento ainda não podia precisar...
sábado, 21 de junho de 2008
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