Luzes e sombras se digladiavam naquele reino de estranhos. No céu duas luas, em formação de móbile, apareciam e se escondiam entre nuvens espessas, enquanto dois escudos de fogo sobrevoavam o castelo sem emitir som. O disco lunar duplo era fruto do eclipse que se formara entre o céu e a terra... A Lua Nova que se tornava Crescente, de repente, fora eclipsada por outro corpo celeste de maior proporção. E o que acontecia no céu, parecia ter paralelo na terra, entre dois corpos humanos se procurando nas trevas daquele tempo perdido, dentro de um bosque encantado, onde diversas mulheres da misteriosa seita da Lua Prateada dançavam descalças em torno de uma chama que parecia vir, ora do interior da terra, ora do interior delas mesmas. Eram todas consideradas “bruxas” pelos soldados do castelo de Messiter, desconhecedores de suas identidades, e que do alto de uma das torres ficavam entre extasiados e perplexos com aquele estranho ritual. Havia a crendice de que toda noite de Lua Nova era propícia para o surgimento de dragões que podiam engolir a própria lua e toda luz do céu. Diziam que era um período para o surgimento de monstros e desaparecimento de gentes.
Toda vez que ocorria um eclipse lunar, aquele reino se dividia em dois mundos diversos: o dos que eram da luz e dos que continuavam nas trevas. Como peças de um tabuleiro mágico, haviam peões, cavalos, torres, bispos, reis e rainhas de lados opostos, em um jogo de claros-escuros, não em relação às cores de pele ou de roupas, mas de almas, que num futuro não muito distante levariam aquele reino de estranhos ao confronto final entre o povo das trevas e o das luzes... Entre espadas e cruzes...
Quando da Lua Nova, uma região não iluminada do disco lunar, não visível ao olho humano, fazia naquele reino que as pessoas mostrassem o seu lado oculto, muitos deles prisioneiros de sonhos e pesadelos, segredos e medos. Durante trinta dias quatro luas se revezavam no céu, cada uma incidindo sobre as pessoas, principalmente as mulheres e, em especial, às da Lua Prateada, que durante quatro noites de mudanças celestes se reuniam para cultuar e cultivar curiosas tradições e ritos de passagem.
Foi naquela noite em que os dois escudos de fogo cruzaram o céu sobre as torres do castelo, desaparecendo por entre densas árvores do bosque, que surgiu próximo a ponte elevadiça um cavaleiro montado em um corcel escuro, ambos vestidos de preto, estando o cavaleiro com espada brilhante em punho na mão direita enquanto que no braço esquerdo um escudo trazia estampado um dragão negro cuspindo fogo pelas ventas e em torno dele a misteriosa inscrição Nessun Dorma. A guarnição do castelo, supersticiosa e petrificada de medo ficou de prontidão... Ninguém saiu das muralhas para interpelar o misterioso e imenso homem, que o elmo não permitia enxergar os olhos.
Quando o eclipse cobriu enfim toda a Lua no céu, na terra dos homens, a escuridão foi total, e os soldados apavorados começaram a cuspir flechas e mais flechas em direção ao Dragão Negro, como fora batizado por um dos jovens arqueiros. A noite era serena, mas uma chuva oblíqua de setas desceu rumo ao chão. E o cavaleiro do dragão no escudo, apesar de tentar proteger os órgãos vitais, teve as pernas alvejadas, tombando junto com o cavalo... O animal, sem a mesma proteção, morreu na hora. O cavaleiro arrastou-se pela terra, perdendo muito sangue por conta dos ferimentos em ambas as pernas. Seu fiel escudeiro, um jovem criado seu, que sempre acionava a catapulta, projetando dois escudos flamejantes ao céu, para anunciar sua chegada e inibir a coragem de seus adversários, estava muito longe do local, e só chegaria ali tarde demais...
Então, o cavaleiro de um reino distante, arrastou-se até onde suas forças levaram seu corpanzil, deixando um rastro vermelho em direção à beira daquele grande rio que era mar, e que circundava todo o reino de estranhos. Ali, do outro lado da margem do rio quase imóvel, viu a silhueta de uma bela mulher, chamada Insônia, vinda das águas, emergindo de seu banho noturno renovador. Pensou no início tratar-se de alucinação, tal a beleza morena da mulher, que era tida como bruxa por uns e a fada por outros. Tardiamente e pela primeira vez na vida, ele o cavaleiro imbatível, que sempre curou todas as feridas de batalhas, e tinha fama de invencível, sentiu de imediato o peito ser traspassado como que por uma espada mágica, diante da aparição da belíssima mulher que lhe tiraria o desejo de dormir se os ferimentos não fossem um tormento profundo. Antes de desfalecer na dor e mergulhar no torpor, ficou com a dúvida atroz: Seria aquilo de fato uma visão ou pura e mortal alucinação? E pela derradeira vez, lavou o rosto suado no espelho das águas plácidas, que por segundos refletiram seu rosto de quando jovem. Em seguida o eclipse interno carregou sua alma para o grande vale das sombras e do sono...
Toda vez que ocorria um eclipse lunar, aquele reino se dividia em dois mundos diversos: o dos que eram da luz e dos que continuavam nas trevas. Como peças de um tabuleiro mágico, haviam peões, cavalos, torres, bispos, reis e rainhas de lados opostos, em um jogo de claros-escuros, não em relação às cores de pele ou de roupas, mas de almas, que num futuro não muito distante levariam aquele reino de estranhos ao confronto final entre o povo das trevas e o das luzes... Entre espadas e cruzes...
Quando da Lua Nova, uma região não iluminada do disco lunar, não visível ao olho humano, fazia naquele reino que as pessoas mostrassem o seu lado oculto, muitos deles prisioneiros de sonhos e pesadelos, segredos e medos. Durante trinta dias quatro luas se revezavam no céu, cada uma incidindo sobre as pessoas, principalmente as mulheres e, em especial, às da Lua Prateada, que durante quatro noites de mudanças celestes se reuniam para cultuar e cultivar curiosas tradições e ritos de passagem.
Foi naquela noite em que os dois escudos de fogo cruzaram o céu sobre as torres do castelo, desaparecendo por entre densas árvores do bosque, que surgiu próximo a ponte elevadiça um cavaleiro montado em um corcel escuro, ambos vestidos de preto, estando o cavaleiro com espada brilhante em punho na mão direita enquanto que no braço esquerdo um escudo trazia estampado um dragão negro cuspindo fogo pelas ventas e em torno dele a misteriosa inscrição Nessun Dorma. A guarnição do castelo, supersticiosa e petrificada de medo ficou de prontidão... Ninguém saiu das muralhas para interpelar o misterioso e imenso homem, que o elmo não permitia enxergar os olhos.
Quando o eclipse cobriu enfim toda a Lua no céu, na terra dos homens, a escuridão foi total, e os soldados apavorados começaram a cuspir flechas e mais flechas em direção ao Dragão Negro, como fora batizado por um dos jovens arqueiros. A noite era serena, mas uma chuva oblíqua de setas desceu rumo ao chão. E o cavaleiro do dragão no escudo, apesar de tentar proteger os órgãos vitais, teve as pernas alvejadas, tombando junto com o cavalo... O animal, sem a mesma proteção, morreu na hora. O cavaleiro arrastou-se pela terra, perdendo muito sangue por conta dos ferimentos em ambas as pernas. Seu fiel escudeiro, um jovem criado seu, que sempre acionava a catapulta, projetando dois escudos flamejantes ao céu, para anunciar sua chegada e inibir a coragem de seus adversários, estava muito longe do local, e só chegaria ali tarde demais...
Então, o cavaleiro de um reino distante, arrastou-se até onde suas forças levaram seu corpanzil, deixando um rastro vermelho em direção à beira daquele grande rio que era mar, e que circundava todo o reino de estranhos. Ali, do outro lado da margem do rio quase imóvel, viu a silhueta de uma bela mulher, chamada Insônia, vinda das águas, emergindo de seu banho noturno renovador. Pensou no início tratar-se de alucinação, tal a beleza morena da mulher, que era tida como bruxa por uns e a fada por outros. Tardiamente e pela primeira vez na vida, ele o cavaleiro imbatível, que sempre curou todas as feridas de batalhas, e tinha fama de invencível, sentiu de imediato o peito ser traspassado como que por uma espada mágica, diante da aparição da belíssima mulher que lhe tiraria o desejo de dormir se os ferimentos não fossem um tormento profundo. Antes de desfalecer na dor e mergulhar no torpor, ficou com a dúvida atroz: Seria aquilo de fato uma visão ou pura e mortal alucinação? E pela derradeira vez, lavou o rosto suado no espelho das águas plácidas, que por segundos refletiram seu rosto de quando jovem. Em seguida o eclipse interno carregou sua alma para o grande vale das sombras e do sono...
Observação: Imagem acima, criada por Jouber D. Cunha, especialmente para o blog RPG.
6 comentários:
Oi, turma RPG. Como este post é o de número 16 (e 1+6=7), não podia deixar de publicar um texto que estava ruminando há tempos. E esperei ser dia 7, para postar. Sempre o sete em minha vida: ora ele me escolhe, ora eu o escolho. Comnetaria sobre o referido post e sobre personagens que criei, mais tarde, no nosso outro blog Literatura em Teia (http://literaturaemteia.blogspot.com). E que os dados não parem de rolar, e eu passo a vez a outro... Abraços rpgianos a todos! hehehehehe, Zé.
Oi, Zé!! Muito bom o teu post, adorei!!
Abraço!!
Que continuem a ROLANDO OS DADOS!! =D
Cara demais o post e os desenhos estão ficando prontos já!!!
Abraço e que ROLEM OS DADOS!!!
Oi, turma RPG. Neste 8/8, atingimos os 500 acessos ao blog. De 21/6 até agora, em um mês e meio, é uma boa marca a ser comemorada. Que venham novas postagens e novos leitores, e que com o pssar do tempo possamos interagir mais com nosso público. Até mais, e que os dados não parem de rolar... Abrs,
Oi, Jow, teus desenhos estão ficando cada vez mais elaborados e interessantes. Este do Dragão Negro, bah, ficou d+. E fecha com o clima do post, de eclipse... O outro desenho que me enviasses, em cores, ficou ótimo também, mas deixarei para usá-lo noutro post em que o cenário seja diurno. Bah, migão, continue assim, te superando a cada ilustração!!! Abrs, Zé.
Valeu Zé fico feliz por meu traço agradar vocês!!
E VIVA AO RPG!!!
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