Todo estrangeiro é um estranho em uma terra que não é a sua. Terra mais estranha ainda para quem está chegando ou só de passagem. Se cada pessoa contém um pequeno universo interior, um Reino de estranhos carrega em si diversos mundos e pessoas, cada um com suas luzes e sombras, suas espadas e cruzes em uma longa jornada.
Prodigal – um estrangeiro que causa estranheza por onde passa -, diante do corpo sem vida de Lord Drago, seu amo e Senhor, não sentiu-se mais sozinho no mundo, pois a solidão tem sido a sua eterna namorada e companheira de viagem desde sempre. Naquele instante de dor um vácuo contornou seu corpo e o silêncio ficou agachado ao seu redor...
Mesmo Lord Drago tendo sido quem o criou, quando sua mãe Alma morrera sem ninguém esperar e sua tia Vida enlouqueceu sem explicação, aquele cavaleiro era para o fiel escudeiro uma grande incógnita e um quase desconhecido. Imenso, em sua armadura negra e alma dura de tanto guerrear pela bandeira dos outros, vivia o Lord envolto em mil e um segredos e medos. Frio e distante, às vezes, como uma muralha intransponível, noutras cândido e fraterno como um peão, o jovem pouco sabia da vida de seu Senhor, apenas que todo cavaleiro do dragão negro – e já foram muitos desde o início dos tempos – deveria zelar pela Irmandade do Vento; um grupo de cavaleiros que combatia a temível Ordem do Tempo... Entre as poucas coisas que Drago lhe contara estava o fato de que todo cavaleiro da Irmandade do Vento precisa, antes de sair em longa jornada, escolher o fiel escudeiro, para que ao morrer em batalha este o substitua e continue o mito de sua imortalidade. Era o pacto feito entre amo e servo, desde o início dos tempos da irmandade... Dessa forma o escudeiro era iniciado n'A grande verdade, sabendo que um dia O Livro do Destino teria que ser por ele guardado com a própria vida.
Prodigal sabia que Drago era o sétimo cavaleiro da irmandade do Vento, e que quando ele morresse deveria procurar um dos seis restantes, que conheciam cada um mais seis nomes de cavaleiros, e estes mais seis e assim por diante, na grande teia de aranha do brasão daquela comunidade secreta, que se reunia vez que outra num local remoto, para escrever enigmáticos poemas em forma de criptogramas, que só os integrantes d'A Grande Teia podiam entender... Os seis cavaleiros eram: Capablanca, Luminet, Morphy, Binet, Steinitz e Groot. Tinham outros, como Sessa, Philidor, Shannon, Damiano, Filguth, Polgar e Fine, mas esses o escudeiro - um iniciado nos segredos da Grande Biblioteca Universal, do mago Borges, como Lord Drago também se referia à irmandade do Vento - desconhecia a existência. A cada sete cavaleiros estes só conheciam um degrau além do que estavam, e o outro assim por diante, de forma a manter aquela pequena legião de guerreiros longe das perseguições da Ordem do Tempo, que como o próprio nome demonstrava, desejava controlar a qualquer custo o tempo e o vento... Esta ordem tinha como insígnia uma imensa ampulheta com um gigante de um olho só aprisionado em seu interior.
O escudeiro ajoelhado ao lado do corpo de Drago – pensando em quem deveria escolher para seu fiel escudeiro - viu uma pequena concha flutuando ao redor. Ao pegá-la com a mão esquerda e levá-la ao ouvido, por conta de um estranho ruído, descobriu que a tal concha parecia conter em seu interior o som de uma diminuta gruta escura e funda em que sua mãe Alma dizia que seu verdadeiro pai Sem Nome tinha se perdido para sempre, num pequeno labirinto construído por ele mesmo e que de lá jamais se encontrara tampouco retornaria ao mundo dos vivos... Se aquela concha podia carregar dentro de si um pequeno pedaço de mar, Prodigal passou a acreditar piamente que aquele Reino de estranhos poderia estar encerrado dentro de uma pequena bola de cristal, como que se o particular pudesse conter em si o universal...
sábado, 30 de agosto de 2008
quinta-feira, 28 de agosto de 2008
The darkest things
Could you imagine how mysterious this kingdom could be? Princess, queens, soldiers, thiefs and enigmatic girls...this story is about don't know nothing about what will happen.
Besides the Castle, some kind of building very strange was contructed at that small village. A kind of vault or something like that all underneath the soil. But when people come inside, can feel like they were at your own home. Big walls, doors, rooms. All that you can find in a house.
But in these walls were written some kinds of drawing...pieces of flesh, dead bodies and stuff like that.
"I have to run out of this place". She thought. Then she ran up to the stairs and finnally found a way out of that mysterious place. That's when she met that Soldier that came to confuse her mind and be the one to find out what was really hapenning in that place.
Who is behind all these misteries? The queen? The little thief? Sidelar?
Who knows? Who will know?
Besides the Castle, some kind of building very strange was contructed at that small village. A kind of vault or something like that all underneath the soil. But when people come inside, can feel like they were at your own home. Big walls, doors, rooms. All that you can find in a house.
But in these walls were written some kinds of drawing...pieces of flesh, dead bodies and stuff like that.
"I have to run out of this place". She thought. Then she ran up to the stairs and finnally found a way out of that mysterious place. That's when she met that Soldier that came to confuse her mind and be the one to find out what was really hapenning in that place.
Who is behind all these misteries? The queen? The little thief? Sidelar?
Who knows? Who will know?
sábado, 23 de agosto de 2008
O pequeno ladrão de frutas e sua bola de cristal
Lá estava ele, e a menina a espreita chamava o menino rapidamente, ao entrar pela passagem o menino sentiu um enorme frio na barriga, sentia que aquela noite seria decisiva e só restava libertar a moça linda e de branco que estava presa na bola de cristal, não havia nenhum sinal de pessoas por aquelas partes do Castelo, e ele sentiu-se seguro quando abriu a porta do aposento, a bola quietinha em um canto, e a moça dormia, ele pegou a bola e a colocou dentro de um saco, como se estivesse roubando alguma coisa, olhou para os lados, observou bem aquele lugar e pensou que jamais voltaria a pisar dentro do Castelo e não veria coisa mais bela que aquele quarto. Ao sair do Castelo sua amiga o desejou boa sorte e ele foi embora feliz e com medo.
No caminho do bosque a noite estava tranqüila, as folhas das árvores pareciam cantar com o vento que soprava, no meio do caminho escutou um bocejo vindo de dentro da bola, sorriu e mesmo sabendo que a linda moça acordara continuou andando. Após alguns momentos escutou ela resmungar:
- Onde será que estou? Será que me acharam? Ó meus céus e meu mar, está tudo escuro e balançando! O que será de mim?
Ele parou, e abriu o saco com um sorriso enorme nos dentes tranqüilizando a moça e dizendo que ela estava a salvo, que não demoraria muito para que chegassem em sua casa, mas ela deveria ficar quieta e calma, pois sua família não poderia vê-la e nem desconfiar de algo errado com ele, porque ele já havia aprontado demais, e mais uma vez, sua mãe ficaria muito chateada.
Chegando perto de sua casa, o menino recolheu a bola para dentro do saco, e ao entrar em casa percebeu que algo não estava muito bem. Estavam todos reunidos na cozinha e cochichavam de modo que quase nada se escutava na entrada, seu pai, sua mãe, sua irmã mais velha e um rapaz, o qual era vizinho deles, todos sentados em volta da mesa, o menino passou depressa para o seu quarto, largou o saco embaixo de sua cama e pediu para a jovem esperar. Ao entrar na cozinha a conversa cessou, e ele perguntou o que ocorrera, sua mãe o pegou pela mão e o colocou em seu colo, explicou que o vizinho havia pedido sua irmã em casamento e que em breve suas vidas seriam melhores. O menino ficou um tanto surpreso com a notícia e felicitou sua irmã pelo pedido e desejou boa sorte aos noivos, seu pai estava com uma cara não muito feliz, e era notável sua má vontade em aceitar o pedido da mão da filha em casamento, sua mãe estava super empolgada e nos olhos da irmã, lágrimas de felicidade escorriam sem parar.
Sua mãe o mandara para o quarto, já era tarde e no dia seguinte começariam os preparos para o casamento de sua irmã, o menino foi mais que rápido, trancou a porta e pegou o saco com a bola de cristal, contou para a moça de branco que sua irmã se casaria em breve e que a felicidade tomara conta da casa, a moça pareceu sorridente e logo o questionou:
- Quando vou sair daqui? De dentro desta bola de cristal?
Ele não soube o que dizer, há alguns dias atrás vendera o pó mágico que pegou da sala do Mago, só havia um pouco que tinha guardado dentro de uma caneta que estava escondida.
Ela se lamenta:
- Estou há muitos anos aqui dentro, o cheiro de mar que sinto está me revoltando, aqui eu não como, não tenho vontade de me alimentar, apenas penso, canto e espero o dia em que virá alguém me libertar.
Ele explicou que já era tarde e tinha que dormir, pediu para que ficasse calma, pois era muito difícil para ele, queria libertá-la, mas ainda não sabia como. Desejou-lhe boa noite e foi dormir.
No caminho do bosque a noite estava tranqüila, as folhas das árvores pareciam cantar com o vento que soprava, no meio do caminho escutou um bocejo vindo de dentro da bola, sorriu e mesmo sabendo que a linda moça acordara continuou andando. Após alguns momentos escutou ela resmungar:
- Onde será que estou? Será que me acharam? Ó meus céus e meu mar, está tudo escuro e balançando! O que será de mim?
Ele parou, e abriu o saco com um sorriso enorme nos dentes tranqüilizando a moça e dizendo que ela estava a salvo, que não demoraria muito para que chegassem em sua casa, mas ela deveria ficar quieta e calma, pois sua família não poderia vê-la e nem desconfiar de algo errado com ele, porque ele já havia aprontado demais, e mais uma vez, sua mãe ficaria muito chateada.
Chegando perto de sua casa, o menino recolheu a bola para dentro do saco, e ao entrar em casa percebeu que algo não estava muito bem. Estavam todos reunidos na cozinha e cochichavam de modo que quase nada se escutava na entrada, seu pai, sua mãe, sua irmã mais velha e um rapaz, o qual era vizinho deles, todos sentados em volta da mesa, o menino passou depressa para o seu quarto, largou o saco embaixo de sua cama e pediu para a jovem esperar. Ao entrar na cozinha a conversa cessou, e ele perguntou o que ocorrera, sua mãe o pegou pela mão e o colocou em seu colo, explicou que o vizinho havia pedido sua irmã em casamento e que em breve suas vidas seriam melhores. O menino ficou um tanto surpreso com a notícia e felicitou sua irmã pelo pedido e desejou boa sorte aos noivos, seu pai estava com uma cara não muito feliz, e era notável sua má vontade em aceitar o pedido da mão da filha em casamento, sua mãe estava super empolgada e nos olhos da irmã, lágrimas de felicidade escorriam sem parar.
Sua mãe o mandara para o quarto, já era tarde e no dia seguinte começariam os preparos para o casamento de sua irmã, o menino foi mais que rápido, trancou a porta e pegou o saco com a bola de cristal, contou para a moça de branco que sua irmã se casaria em breve e que a felicidade tomara conta da casa, a moça pareceu sorridente e logo o questionou:
- Quando vou sair daqui? De dentro desta bola de cristal?
Ele não soube o que dizer, há alguns dias atrás vendera o pó mágico que pegou da sala do Mago, só havia um pouco que tinha guardado dentro de uma caneta que estava escondida.
Ela se lamenta:
- Estou há muitos anos aqui dentro, o cheiro de mar que sinto está me revoltando, aqui eu não como, não tenho vontade de me alimentar, apenas penso, canto e espero o dia em que virá alguém me libertar.
Ele explicou que já era tarde e tinha que dormir, pediu para que ficasse calma, pois era muito difícil para ele, queria libertá-la, mas ainda não sabia como. Desejou-lhe boa noite e foi dormir.
Observação: Imagem acima, ilustração de Jouber D. Cunha, feira especialmente para o RPG.
sexta-feira, 22 de agosto de 2008
O menino do lago
No Azul Profundo, a alma do cavaleiro pouco a pouco foi mergulhando...
Na beira do lago interior, o mundo começou a ficar gelado demais, espelhado naquela vida sem sentido. Dentro do Azul Profundo havia um sono igualmente íntimo, intenso, atroz... Naquelas águas frias, o corpo daquele cavaleiro imenso boiava num mar celestial...
Próximo ao bosque, o escudeiro do Dragão Negro esperava que aquela escuridão total cessasse para que ele pudesse reencontrar seu amo e Senhor. Criado por Lord Drago, o jovem Prodigal nunca conhecera seus verdadeiros pais. Desde menino fora ensinado a ser um leal servo do cavaleiro imortal. Seu verdadeiro nome desconhecia. Prodigal era um nome de guerra, como outro qualquer. Seu dever era sempre manter a chama dos dois escudos no céu, arremessados pela catapulta secreta, para que os valentes de qualquer reino temessem a chegada de Lord Drago.
Era noite dupla, no tempo e no espaço. Noite dupla nas horas e no céu. O eclipse era sempre considerado um mau presságio para os homens da realeza e também da plebe rude. Mas ele, que fora educado pelo cavaleiro do dragão negro, conhecia algumas das diversas coisas entre o céu e a terra, a partir das leituras feitas por Drago de um misterioso livro, como se fosse um oráculo: O Livro do Destino. Encontrado na tumba de uma múmia, o manuscrito muito antigo continha algumas perguntas e possíveis respostas. Seu uso dependia do bom jogo dos três dados mágicos que acompanhavam o texto milenar. Ao pensar com força em uma pergunta ou desejo, deveria o leitor jogar por sete vezes tais cubos mágicos, anotando seus resultados em uma árvore próxima, na areia, em qualquer lugar. Para cada combinação de arremesso de dados, se fosse par representava um sol, se fosse ímpar uma lua.
Quando seu Senhor jogou pela última vez os dados mágicos, a resposta à sua pergunta secreta teve o resultado de três sóis e quatro luas... A visão do semblante de Lord Drago, após ouvir do oráculo seu destino impressionou muito Prodigal. Nesse instante tinham passados exatos três sóis e três luas no céu. A quarta lua foi justamente a noite dupla encobrindo o Reino de estranhos de um jeito sem igual...
O jovem então, temendo pelo destino do cavaleiro, fez que seu cavalo e a montaria reserva de seu Senhor puxassem a catapulta até as margens de um estranho lago, formado de quando em vez pela força das águas de uma misteriosa Nuvem Passageira que cobre o céu do Reino de estranhos, toda vez que naquele curioso local há a programação de alguma festividade. Toda vez que tais festas religiosas ou pagãs acontecem por ali, cães e lobos surgem do nada, entre as pessoas, trazendo mau agouro aos habitantes da região...
Prodigal, na escuridão daquele tempo, foi então seguindo a margem do lago interior, vendo ao longe o brilho de um pequeno farol. Quando se aproximou da luminosidade, tratava-se somente de uma pequena tocha, cravada no solo, enquanto uma mulher de beleza rara, algo sobrenatural, emergia das águas, com seu cantil cheio, caminhando em direção ao corpo desfalecido de seu Senhor. Reconheceu-o, apesar da escuridão, por conta de uma pedra vermelha em seu peito, o famoso diamante Coração do Dragão, que o cavaleiro negro ostentava com orgulho e bravura a cada batalha vencida.
Insônia era o nome dado a mulher que trazia em seu cantil a água das profundezas do lago, para tentar salvar o guerreiro ferido de morte de seu Destino atroz.
Prodigal percebeu as pernas alvejadas de Lord Drago, mas o que de fato o matou foi um pequeno e afiado dardo, cravado bem fundo no coração do dragão. O jovem, ao primeiro instante não reconheceu a mulher, mas esta lembrou-se do menino do lago no exato segundo que o viu. Alguém por quem ela tinha grande afeição, diversos sóis e luas atrás, quando ambos eram muito jovens. Insônia - que quando menina desconhecia seus poderes, herdados das mulheres dos bosques - pediu num passado distante, quando da primeira vez que conheceu o menino, que este jamais envelhecesse até que ela pudesse reencontrá-lo. Este dia, na lei do eterno retorno chegou, e era para ela hoje, agora, já... Aquele pacto com as águas estava cumprido, e de agora em diante a juventude de Prodigal não seria mais a mesma... De volta à fonte da juventude, o jovem que jamais envelhecia teria que guardar em seu cantil muita água daquele lago se não quisesse envelhecer de uma vez só todo o tempo que lhe fora poupado pelo próprio tempo, por conta da afeição, do encanto e do encantamento daquela bela mulher...
Quando o jovem pisou de novo no lago, sem saber, quebrara o encanto do tempo. Mas outro encanto entre ele e Insônia mal estava para começar... Nenhum dos dois dissera uma palavra sequer. Nos olhos de cada um aquela sensação de déjá vu estava impregnada no ar, em seu entorno a bailar... Entre os dois, apenas o lago e o corpo sem vida de Lord Drago. A volta gradual do brilho da Lua trouxe de novo a todos os habitantes do Reino de estranhos o falso encantamento, e a certeza a Prodigal e Insônia de que tanto o real como o imaginário só o lago podia conceder ou retirar, velar ou desvendar...
Observação: Imagem acima, criada especialmente para o RPG, por Jouber D. Cunha.
Na beira do lago interior, o mundo começou a ficar gelado demais, espelhado naquela vida sem sentido. Dentro do Azul Profundo havia um sono igualmente íntimo, intenso, atroz... Naquelas águas frias, o corpo daquele cavaleiro imenso boiava num mar celestial...
Próximo ao bosque, o escudeiro do Dragão Negro esperava que aquela escuridão total cessasse para que ele pudesse reencontrar seu amo e Senhor. Criado por Lord Drago, o jovem Prodigal nunca conhecera seus verdadeiros pais. Desde menino fora ensinado a ser um leal servo do cavaleiro imortal. Seu verdadeiro nome desconhecia. Prodigal era um nome de guerra, como outro qualquer. Seu dever era sempre manter a chama dos dois escudos no céu, arremessados pela catapulta secreta, para que os valentes de qualquer reino temessem a chegada de Lord Drago.
Era noite dupla, no tempo e no espaço. Noite dupla nas horas e no céu. O eclipse era sempre considerado um mau presságio para os homens da realeza e também da plebe rude. Mas ele, que fora educado pelo cavaleiro do dragão negro, conhecia algumas das diversas coisas entre o céu e a terra, a partir das leituras feitas por Drago de um misterioso livro, como se fosse um oráculo: O Livro do Destino. Encontrado na tumba de uma múmia, o manuscrito muito antigo continha algumas perguntas e possíveis respostas. Seu uso dependia do bom jogo dos três dados mágicos que acompanhavam o texto milenar. Ao pensar com força em uma pergunta ou desejo, deveria o leitor jogar por sete vezes tais cubos mágicos, anotando seus resultados em uma árvore próxima, na areia, em qualquer lugar. Para cada combinação de arremesso de dados, se fosse par representava um sol, se fosse ímpar uma lua.
Quando seu Senhor jogou pela última vez os dados mágicos, a resposta à sua pergunta secreta teve o resultado de três sóis e quatro luas... A visão do semblante de Lord Drago, após ouvir do oráculo seu destino impressionou muito Prodigal. Nesse instante tinham passados exatos três sóis e três luas no céu. A quarta lua foi justamente a noite dupla encobrindo o Reino de estranhos de um jeito sem igual...
O jovem então, temendo pelo destino do cavaleiro, fez que seu cavalo e a montaria reserva de seu Senhor puxassem a catapulta até as margens de um estranho lago, formado de quando em vez pela força das águas de uma misteriosa Nuvem Passageira que cobre o céu do Reino de estranhos, toda vez que naquele curioso local há a programação de alguma festividade. Toda vez que tais festas religiosas ou pagãs acontecem por ali, cães e lobos surgem do nada, entre as pessoas, trazendo mau agouro aos habitantes da região...
Prodigal, na escuridão daquele tempo, foi então seguindo a margem do lago interior, vendo ao longe o brilho de um pequeno farol. Quando se aproximou da luminosidade, tratava-se somente de uma pequena tocha, cravada no solo, enquanto uma mulher de beleza rara, algo sobrenatural, emergia das águas, com seu cantil cheio, caminhando em direção ao corpo desfalecido de seu Senhor. Reconheceu-o, apesar da escuridão, por conta de uma pedra vermelha em seu peito, o famoso diamante Coração do Dragão, que o cavaleiro negro ostentava com orgulho e bravura a cada batalha vencida.
Insônia era o nome dado a mulher que trazia em seu cantil a água das profundezas do lago, para tentar salvar o guerreiro ferido de morte de seu Destino atroz.
Prodigal percebeu as pernas alvejadas de Lord Drago, mas o que de fato o matou foi um pequeno e afiado dardo, cravado bem fundo no coração do dragão. O jovem, ao primeiro instante não reconheceu a mulher, mas esta lembrou-se do menino do lago no exato segundo que o viu. Alguém por quem ela tinha grande afeição, diversos sóis e luas atrás, quando ambos eram muito jovens. Insônia - que quando menina desconhecia seus poderes, herdados das mulheres dos bosques - pediu num passado distante, quando da primeira vez que conheceu o menino, que este jamais envelhecesse até que ela pudesse reencontrá-lo. Este dia, na lei do eterno retorno chegou, e era para ela hoje, agora, já... Aquele pacto com as águas estava cumprido, e de agora em diante a juventude de Prodigal não seria mais a mesma... De volta à fonte da juventude, o jovem que jamais envelhecia teria que guardar em seu cantil muita água daquele lago se não quisesse envelhecer de uma vez só todo o tempo que lhe fora poupado pelo próprio tempo, por conta da afeição, do encanto e do encantamento daquela bela mulher...
Quando o jovem pisou de novo no lago, sem saber, quebrara o encanto do tempo. Mas outro encanto entre ele e Insônia mal estava para começar... Nenhum dos dois dissera uma palavra sequer. Nos olhos de cada um aquela sensação de déjá vu estava impregnada no ar, em seu entorno a bailar... Entre os dois, apenas o lago e o corpo sem vida de Lord Drago. A volta gradual do brilho da Lua trouxe de novo a todos os habitantes do Reino de estranhos o falso encantamento, e a certeza a Prodigal e Insônia de que tanto o real como o imaginário só o lago podia conceder ou retirar, velar ou desvendar...
Observação: Imagem acima, criada especialmente para o RPG, por Jouber D. Cunha.
quinta-feira, 21 de agosto de 2008
Rei Branco: a alma turva e a revelação
Tarde cinza e o Rei Branco contemplava os bicos lustrados das botas e deixava solto o pensamento:
- Malditos, miseráveis, bichos pestilentos! Não sei quais as razões de tão profunda repugnância, de tanto nojo. O meu lugar nobre, imenso por si, parece pouco diante desse sentimento atroz que nutro pelos inferiores, mas confesso a mim que esse desprezo me alegra. O poder. O poder. O poder é a minha varinha de condão: não há pagamento de impostos? Masmorra! Não louvou meu Deus-pai-todo-poderoso? Forca em praça pública para dar o bom exemplo! Não rendeu-se aos meus apelos de macho e de superior? Tortura! Cortem as unhas a facão, arranquem os cabelos aos puxões, quebrem os dedos com quilos de chumbo e façam engolir os cacos de vidro enquanto ainda houver voz audível! Porque eu sou a lei e obedeço a vontade do Supremo-pai-celestial, que me investiu de realeza e de inteligência e de..
- Irmão! Amado, irmão! Vi com a clareza do espelho dágua que cobre o rio, Grande, que nos abastece, ó rei, vi nuvens densas e negras, negras e sangue, negras e dor e destempero, ó rei. Eu vi e desejaria mil vezes não ter esses olhos íntimos de ver o invisível e não saber dessa terrível desgraça que já se aproxima de vossa cabeça, ó rei, ó rei!! Como sou infeliz!
- Do que falas, homem de Deus? Tua clausura e teus delírios de orações te moeram os miolos? Nunca houve majestade mais próspera na história desse reino de estranhos, a Dinastia perpetua-se há vários ciclos e não dá mostras de fraqueza. As lavouras tiveram menor rendimento, é verdade, mas os camponeses não furtam sequer um décimo da produção das minhas terras, o gado pode ter emagrecido, mas o leite produzido sobre o meu chão ainda retorna, gota por gota, aos meus cofres, e não há homem nobre o suficiente para fazer-me qualquer tímida oposição. Do que, então, falas, homem de Deus, feito burro aos relinchos?
- Ó rei, é dos céus e das entranhas do povo que a desgraça ameaça abater-se sobre vós. Da magia, dos feitiços milenares dessas bruxas e magos primitivos. Dessas danças demoníacas, dessa música infernal e do fogo vem vossa derrota. Eu vi. Primeiro irás perder todas as riquezas da matéria, o trigo, o boi, a moeda... Depois, os nobres abaixo de vós irão virar as costas e sumir no espectro de vossa confiança. Então a revolta inflamará a plebe, e uma onda de rebeldia incendiará vosso reino, ó rei, é desesperador, mas o pior ainda não é isso! Não é isso... O pior, ó, amado irmão, meu rei, o pior virá quando estiveres só e juntando os pedaços do orgulho real.
Nesse dia derradeiro ouvirás uma voz branca legítima vestida de negro. Do sussurro aos berros essa voz revelará fraquezas impensadas... e depois, e depois, e depois, ó, é terrível!
- Dize, infeliz, que já nem sei se sofro ou se rio do teu pavor...
- Depois a loucura, meu irmão, essa cobra verde-escura, a insanidade vai corroer o trono, o manto, o sangue e o pensamento e nada mais te sobrará. Implorarás a chegada da morte redentora, tamanho o sofrimento que vos irá dilacerar!
Contam que o bispo, branco, correu feito o vento para fora das dependências do Castelo de Messiter, enveredou pelos campos de trigo gritando "É terrível! Ó Deus! O rei está morto" e por algum tempo não foi visto por aquelas bandas.
- Malditos, miseráveis, bichos pestilentos! Não sei quais as razões de tão profunda repugnância, de tanto nojo. O meu lugar nobre, imenso por si, parece pouco diante desse sentimento atroz que nutro pelos inferiores, mas confesso a mim que esse desprezo me alegra. O poder. O poder. O poder é a minha varinha de condão: não há pagamento de impostos? Masmorra! Não louvou meu Deus-pai-todo-poderoso? Forca em praça pública para dar o bom exemplo! Não rendeu-se aos meus apelos de macho e de superior? Tortura! Cortem as unhas a facão, arranquem os cabelos aos puxões, quebrem os dedos com quilos de chumbo e façam engolir os cacos de vidro enquanto ainda houver voz audível! Porque eu sou a lei e obedeço a vontade do Supremo-pai-celestial, que me investiu de realeza e de inteligência e de..
- Irmão! Amado, irmão! Vi com a clareza do espelho dágua que cobre o rio, Grande, que nos abastece, ó rei, vi nuvens densas e negras, negras e sangue, negras e dor e destempero, ó rei. Eu vi e desejaria mil vezes não ter esses olhos íntimos de ver o invisível e não saber dessa terrível desgraça que já se aproxima de vossa cabeça, ó rei, ó rei!! Como sou infeliz!
- Do que falas, homem de Deus? Tua clausura e teus delírios de orações te moeram os miolos? Nunca houve majestade mais próspera na história desse reino de estranhos, a Dinastia perpetua-se há vários ciclos e não dá mostras de fraqueza. As lavouras tiveram menor rendimento, é verdade, mas os camponeses não furtam sequer um décimo da produção das minhas terras, o gado pode ter emagrecido, mas o leite produzido sobre o meu chão ainda retorna, gota por gota, aos meus cofres, e não há homem nobre o suficiente para fazer-me qualquer tímida oposição. Do que, então, falas, homem de Deus, feito burro aos relinchos?
- Ó rei, é dos céus e das entranhas do povo que a desgraça ameaça abater-se sobre vós. Da magia, dos feitiços milenares dessas bruxas e magos primitivos. Dessas danças demoníacas, dessa música infernal e do fogo vem vossa derrota. Eu vi. Primeiro irás perder todas as riquezas da matéria, o trigo, o boi, a moeda... Depois, os nobres abaixo de vós irão virar as costas e sumir no espectro de vossa confiança. Então a revolta inflamará a plebe, e uma onda de rebeldia incendiará vosso reino, ó rei, é desesperador, mas o pior ainda não é isso! Não é isso... O pior, ó, amado irmão, meu rei, o pior virá quando estiveres só e juntando os pedaços do orgulho real.
Nesse dia derradeiro ouvirás uma voz branca legítima vestida de negro. Do sussurro aos berros essa voz revelará fraquezas impensadas... e depois, e depois, e depois, ó, é terrível!
- Dize, infeliz, que já nem sei se sofro ou se rio do teu pavor...
- Depois a loucura, meu irmão, essa cobra verde-escura, a insanidade vai corroer o trono, o manto, o sangue e o pensamento e nada mais te sobrará. Implorarás a chegada da morte redentora, tamanho o sofrimento que vos irá dilacerar!
Contam que o bispo, branco, correu feito o vento para fora das dependências do Castelo de Messiter, enveredou pelos campos de trigo gritando "É terrível! Ó Deus! O rei está morto" e por algum tempo não foi visto por aquelas bandas.
segunda-feira, 18 de agosto de 2008
Algum tempo depois...
Dentro da bola de cristal a moça em seus trajes brancos dormia como um anjo, lá fora o animalzinho parecia cansado e por ter esperado tanto tempo sua musa acordar para rolar a bola por entre suas patas, resolveu ir embora e sumiu atrás do biombo vermelho com detalhes em dourado, que remetiam a uma brisa imensa de ventos de ouro no canto do quarto. Este aposento da ala secreta do Castelo de Messiter era de um bom gosto espetacular, com mistura de vermelho, rosa, branco e panos transparentes em volta da cama, as cortinas pareciam véus e detalhes dourados preenchiam a beleza natural que tomava conta do quarto, o efeito quente que tinham as cores subliminavam um ambiente pesado e tranqüilo, a beleza e o amor, o fogo e as rosas.
Já havia passado muito tempo desde que o menino manteve contato com a moça de branco, ele estava preocupado, pois não conseguia entrar no Castelo, os soldados continuavam rondando o Castelo e o Mago estava muito aflito, aquela bola representava o seu poder e seus segredos, todos estavam guardados dentro dela, sua agonia era tão grande que ele estava prestes a fugir do reino e abandonar a tudo que havia conquistado, não pelo perigo que a bola representava, e sim a quem a descobrisse, por seus segredos, quem estivesse com a bola poderia acabar com ele e de qualquer forma o Rei o mandaria embora ou o mataria em cerimônia especial para todos aprenderem quem mandava naquele reino de estranhos.
O garoto estava na função ao final da feira do reino recolhendo o que era bom para levar à sua casa, e já havia levado um saco cheio de frutas que antes pegara sem ninguém ver, sua família era muito pobre e seu pai um pescador não muito sucedido, ultimamente o mar não estava para peixe e tudo que vinha do mar era para o alimento de casa, há tempos seu pai não conseguia nada de bom para vender na feira. Um grito de longe chamou a atenção do jovem, sua amiga, filha da cozinheira do Castelo estava logo atrás do homem que gritava em bravos o preço de algumas frutas, ela o viu e chamou-o fazendo sinal para que ele a encontrasse na floresta. Após algum tempo lá estavam eles, conversando e ele muito preocupado, pois havia prometido tirar aquela moça de dentro da bola, e mais espantado estava, com o que o Mago havia falado, que quem a olhasse ficaria cego, e a ele e ela nada disso havia acontecido, no entanto, a marcação cerrada da guarda do reino não o deixara mais entrar lá, e novamente combinou com sua amiguinha que durante a noite, nas 22 badaladas do Castelo de Messiter, estaria lá, no mesmo lugar para levar de vez aquela jovem de dentro do aposento.
Já havia passado muito tempo desde que o menino manteve contato com a moça de branco, ele estava preocupado, pois não conseguia entrar no Castelo, os soldados continuavam rondando o Castelo e o Mago estava muito aflito, aquela bola representava o seu poder e seus segredos, todos estavam guardados dentro dela, sua agonia era tão grande que ele estava prestes a fugir do reino e abandonar a tudo que havia conquistado, não pelo perigo que a bola representava, e sim a quem a descobrisse, por seus segredos, quem estivesse com a bola poderia acabar com ele e de qualquer forma o Rei o mandaria embora ou o mataria em cerimônia especial para todos aprenderem quem mandava naquele reino de estranhos.
O garoto estava na função ao final da feira do reino recolhendo o que era bom para levar à sua casa, e já havia levado um saco cheio de frutas que antes pegara sem ninguém ver, sua família era muito pobre e seu pai um pescador não muito sucedido, ultimamente o mar não estava para peixe e tudo que vinha do mar era para o alimento de casa, há tempos seu pai não conseguia nada de bom para vender na feira. Um grito de longe chamou a atenção do jovem, sua amiga, filha da cozinheira do Castelo estava logo atrás do homem que gritava em bravos o preço de algumas frutas, ela o viu e chamou-o fazendo sinal para que ele a encontrasse na floresta. Após algum tempo lá estavam eles, conversando e ele muito preocupado, pois havia prometido tirar aquela moça de dentro da bola, e mais espantado estava, com o que o Mago havia falado, que quem a olhasse ficaria cego, e a ele e ela nada disso havia acontecido, no entanto, a marcação cerrada da guarda do reino não o deixara mais entrar lá, e novamente combinou com sua amiguinha que durante a noite, nas 22 badaladas do Castelo de Messiter, estaria lá, no mesmo lugar para levar de vez aquela jovem de dentro do aposento.
sexta-feira, 15 de agosto de 2008
Confessionário
Não é que fosse rebelde. Não é que o mundo fosse grande, com paredes invisíveis. Não que o ar pesasse ao passar por suas narinas. Não era isso. Não era essa negação e toda hora dizer não.
Simplesmente pairava no ar uma dúvida...uma dúvida cruel que estava surgindo em sua mente.
Quando fazia parte da sua seita secreta (que já tentara esquecer por tantas vezes), sentia-se um pouco melhor do que agora, sem as correntes.
Agora, corria atrás de um par de olhos sem dono. E pensava nele...Valeriano, seus olhos cor de mel, cabelos loiros, quase branquinhos. Pensava nesses fios como sendo raios de sol. De repente fecha os olhos e sente como se precisasse adormecer para esquecer. Esquecer que estava fugindo do nada para lugar nenhum. Esquecer que não podia lembrar do soldado. Não poderia lembrar do arfar da sua respiração...não, não. Queria esquecer imediatamente Valeriano e suas palavras meigas, suas promessas de que tudo seria para sempre.
Sentia-se tão frágil...mesmo não tendo o direito de sentir-se assim. Ela era Vênus. Vênus de La Luna. Saída de uma concha redonda mergulhando profundamente no mar do mundo. De mistérios, de amores, de segredos, de vazio. De encantos. De sentimentos femininos viscerais. Era ela. Era Vênus. Coração, razão, verdade, convicção. A princesa de Valeriano e a perdição do Soldado inominado.
Era a dúvida...vivia de dúvida agora.
Simplesmente pairava no ar uma dúvida...uma dúvida cruel que estava surgindo em sua mente.
Quando fazia parte da sua seita secreta (que já tentara esquecer por tantas vezes), sentia-se um pouco melhor do que agora, sem as correntes.
Agora, corria atrás de um par de olhos sem dono. E pensava nele...Valeriano, seus olhos cor de mel, cabelos loiros, quase branquinhos. Pensava nesses fios como sendo raios de sol. De repente fecha os olhos e sente como se precisasse adormecer para esquecer. Esquecer que estava fugindo do nada para lugar nenhum. Esquecer que não podia lembrar do soldado. Não poderia lembrar do arfar da sua respiração...não, não. Queria esquecer imediatamente Valeriano e suas palavras meigas, suas promessas de que tudo seria para sempre.
Sentia-se tão frágil...mesmo não tendo o direito de sentir-se assim. Ela era Vênus. Vênus de La Luna. Saída de uma concha redonda mergulhando profundamente no mar do mundo. De mistérios, de amores, de segredos, de vazio. De encantos. De sentimentos femininos viscerais. Era ela. Era Vênus. Coração, razão, verdade, convicção. A princesa de Valeriano e a perdição do Soldado inominado.
Era a dúvida...vivia de dúvida agora.
quinta-feira, 7 de agosto de 2008
O cavaleiro do dragão negro
Luzes e sombras se digladiavam naquele reino de estranhos. No céu duas luas, em formação de móbile, apareciam e se escondiam entre nuvens espessas, enquanto dois escudos de fogo sobrevoavam o castelo sem emitir som. O disco lunar duplo era fruto do eclipse que se formara entre o céu e a terra... A Lua Nova que se tornava Crescente, de repente, fora eclipsada por outro corpo celeste de maior proporção. E o que acontecia no céu, parecia ter paralelo na terra, entre dois corpos humanos se procurando nas trevas daquele tempo perdido, dentro de um bosque encantado, onde diversas mulheres da misteriosa seita da Lua Prateada dançavam descalças em torno de uma chama que parecia vir, ora do interior da terra, ora do interior delas mesmas. Eram todas consideradas “bruxas” pelos soldados do castelo de Messiter, desconhecedores de suas identidades, e que do alto de uma das torres ficavam entre extasiados e perplexos com aquele estranho ritual. Havia a crendice de que toda noite de Lua Nova era propícia para o surgimento de dragões que podiam engolir a própria lua e toda luz do céu. Diziam que era um período para o surgimento de monstros e desaparecimento de gentes.
Toda vez que ocorria um eclipse lunar, aquele reino se dividia em dois mundos diversos: o dos que eram da luz e dos que continuavam nas trevas. Como peças de um tabuleiro mágico, haviam peões, cavalos, torres, bispos, reis e rainhas de lados opostos, em um jogo de claros-escuros, não em relação às cores de pele ou de roupas, mas de almas, que num futuro não muito distante levariam aquele reino de estranhos ao confronto final entre o povo das trevas e o das luzes... Entre espadas e cruzes...
Quando da Lua Nova, uma região não iluminada do disco lunar, não visível ao olho humano, fazia naquele reino que as pessoas mostrassem o seu lado oculto, muitos deles prisioneiros de sonhos e pesadelos, segredos e medos. Durante trinta dias quatro luas se revezavam no céu, cada uma incidindo sobre as pessoas, principalmente as mulheres e, em especial, às da Lua Prateada, que durante quatro noites de mudanças celestes se reuniam para cultuar e cultivar curiosas tradições e ritos de passagem.
Foi naquela noite em que os dois escudos de fogo cruzaram o céu sobre as torres do castelo, desaparecendo por entre densas árvores do bosque, que surgiu próximo a ponte elevadiça um cavaleiro montado em um corcel escuro, ambos vestidos de preto, estando o cavaleiro com espada brilhante em punho na mão direita enquanto que no braço esquerdo um escudo trazia estampado um dragão negro cuspindo fogo pelas ventas e em torno dele a misteriosa inscrição Nessun Dorma. A guarnição do castelo, supersticiosa e petrificada de medo ficou de prontidão... Ninguém saiu das muralhas para interpelar o misterioso e imenso homem, que o elmo não permitia enxergar os olhos.
Quando o eclipse cobriu enfim toda a Lua no céu, na terra dos homens, a escuridão foi total, e os soldados apavorados começaram a cuspir flechas e mais flechas em direção ao Dragão Negro, como fora batizado por um dos jovens arqueiros. A noite era serena, mas uma chuva oblíqua de setas desceu rumo ao chão. E o cavaleiro do dragão no escudo, apesar de tentar proteger os órgãos vitais, teve as pernas alvejadas, tombando junto com o cavalo... O animal, sem a mesma proteção, morreu na hora. O cavaleiro arrastou-se pela terra, perdendo muito sangue por conta dos ferimentos em ambas as pernas. Seu fiel escudeiro, um jovem criado seu, que sempre acionava a catapulta, projetando dois escudos flamejantes ao céu, para anunciar sua chegada e inibir a coragem de seus adversários, estava muito longe do local, e só chegaria ali tarde demais...
Então, o cavaleiro de um reino distante, arrastou-se até onde suas forças levaram seu corpanzil, deixando um rastro vermelho em direção à beira daquele grande rio que era mar, e que circundava todo o reino de estranhos. Ali, do outro lado da margem do rio quase imóvel, viu a silhueta de uma bela mulher, chamada Insônia, vinda das águas, emergindo de seu banho noturno renovador. Pensou no início tratar-se de alucinação, tal a beleza morena da mulher, que era tida como bruxa por uns e a fada por outros. Tardiamente e pela primeira vez na vida, ele o cavaleiro imbatível, que sempre curou todas as feridas de batalhas, e tinha fama de invencível, sentiu de imediato o peito ser traspassado como que por uma espada mágica, diante da aparição da belíssima mulher que lhe tiraria o desejo de dormir se os ferimentos não fossem um tormento profundo. Antes de desfalecer na dor e mergulhar no torpor, ficou com a dúvida atroz: Seria aquilo de fato uma visão ou pura e mortal alucinação? E pela derradeira vez, lavou o rosto suado no espelho das águas plácidas, que por segundos refletiram seu rosto de quando jovem. Em seguida o eclipse interno carregou sua alma para o grande vale das sombras e do sono...
Toda vez que ocorria um eclipse lunar, aquele reino se dividia em dois mundos diversos: o dos que eram da luz e dos que continuavam nas trevas. Como peças de um tabuleiro mágico, haviam peões, cavalos, torres, bispos, reis e rainhas de lados opostos, em um jogo de claros-escuros, não em relação às cores de pele ou de roupas, mas de almas, que num futuro não muito distante levariam aquele reino de estranhos ao confronto final entre o povo das trevas e o das luzes... Entre espadas e cruzes...
Quando da Lua Nova, uma região não iluminada do disco lunar, não visível ao olho humano, fazia naquele reino que as pessoas mostrassem o seu lado oculto, muitos deles prisioneiros de sonhos e pesadelos, segredos e medos. Durante trinta dias quatro luas se revezavam no céu, cada uma incidindo sobre as pessoas, principalmente as mulheres e, em especial, às da Lua Prateada, que durante quatro noites de mudanças celestes se reuniam para cultuar e cultivar curiosas tradições e ritos de passagem.
Foi naquela noite em que os dois escudos de fogo cruzaram o céu sobre as torres do castelo, desaparecendo por entre densas árvores do bosque, que surgiu próximo a ponte elevadiça um cavaleiro montado em um corcel escuro, ambos vestidos de preto, estando o cavaleiro com espada brilhante em punho na mão direita enquanto que no braço esquerdo um escudo trazia estampado um dragão negro cuspindo fogo pelas ventas e em torno dele a misteriosa inscrição Nessun Dorma. A guarnição do castelo, supersticiosa e petrificada de medo ficou de prontidão... Ninguém saiu das muralhas para interpelar o misterioso e imenso homem, que o elmo não permitia enxergar os olhos.
Quando o eclipse cobriu enfim toda a Lua no céu, na terra dos homens, a escuridão foi total, e os soldados apavorados começaram a cuspir flechas e mais flechas em direção ao Dragão Negro, como fora batizado por um dos jovens arqueiros. A noite era serena, mas uma chuva oblíqua de setas desceu rumo ao chão. E o cavaleiro do dragão no escudo, apesar de tentar proteger os órgãos vitais, teve as pernas alvejadas, tombando junto com o cavalo... O animal, sem a mesma proteção, morreu na hora. O cavaleiro arrastou-se pela terra, perdendo muito sangue por conta dos ferimentos em ambas as pernas. Seu fiel escudeiro, um jovem criado seu, que sempre acionava a catapulta, projetando dois escudos flamejantes ao céu, para anunciar sua chegada e inibir a coragem de seus adversários, estava muito longe do local, e só chegaria ali tarde demais...
Então, o cavaleiro de um reino distante, arrastou-se até onde suas forças levaram seu corpanzil, deixando um rastro vermelho em direção à beira daquele grande rio que era mar, e que circundava todo o reino de estranhos. Ali, do outro lado da margem do rio quase imóvel, viu a silhueta de uma bela mulher, chamada Insônia, vinda das águas, emergindo de seu banho noturno renovador. Pensou no início tratar-se de alucinação, tal a beleza morena da mulher, que era tida como bruxa por uns e a fada por outros. Tardiamente e pela primeira vez na vida, ele o cavaleiro imbatível, que sempre curou todas as feridas de batalhas, e tinha fama de invencível, sentiu de imediato o peito ser traspassado como que por uma espada mágica, diante da aparição da belíssima mulher que lhe tiraria o desejo de dormir se os ferimentos não fossem um tormento profundo. Antes de desfalecer na dor e mergulhar no torpor, ficou com a dúvida atroz: Seria aquilo de fato uma visão ou pura e mortal alucinação? E pela derradeira vez, lavou o rosto suado no espelho das águas plácidas, que por segundos refletiram seu rosto de quando jovem. Em seguida o eclipse interno carregou sua alma para o grande vale das sombras e do sono...
Observação: Imagem acima, criada por Jouber D. Cunha, especialmente para o blog RPG.
terça-feira, 5 de agosto de 2008
Dia seguinte...
No dia seguinte o pequeno ladrão de frutas não conseguiu entrar no Castelo de Messiter, sua amiguinha havia avisado que estava muito difícil, pois os guardas estavam procurando a bola de cristal, e revistavam todos que entravam e saiam do reino, assim era muito arriscado a sua entrada. O mago estava muito intrigado com o sumiço da bola de cristal e todos do reino também, pois quem olhasse para a bola ficaria cego. Todos se perguntavam o que teria de tão triste nesta bola de cristal, e porque fazia tanto mal a quem a olhasse, o reino estava em estado de alerta, e os guardas estavam ansiosos em cumprir mais esta missão.
Enquanto isso a bola de cristal rolava de um lado para outro e sua única companhia era o animalzinho esquisito que a rondava e brincava sem parar, a moça não suportava mais até que pediu para parar, e o animalzinho parou e ficou olhando para ela firmemente. Então ela achou muito estranho, um animalzinho esquisito e que entendia o que ela falava, pôs-se a falar, e a recitar alguns poemas, ele a encarava mais de perto e parecia gostar de todas as coisas que ali ouvira.
A moça estava muito triste, fazia muito tempo que o menino não aparecia e ela ficava cada vez mais preocupada, pensou em várias hipóteses, teria ele descoberto o que se passava com ela, ou esquecera que havia prometido libertar ela daquela bola de cristal, ela não acreditava nas coisas que pensara e acabou adormecendo em meio as suas preocupações...
Enquanto isso a bola de cristal rolava de um lado para outro e sua única companhia era o animalzinho esquisito que a rondava e brincava sem parar, a moça não suportava mais até que pediu para parar, e o animalzinho parou e ficou olhando para ela firmemente. Então ela achou muito estranho, um animalzinho esquisito e que entendia o que ela falava, pôs-se a falar, e a recitar alguns poemas, ele a encarava mais de perto e parecia gostar de todas as coisas que ali ouvira.
A moça estava muito triste, fazia muito tempo que o menino não aparecia e ela ficava cada vez mais preocupada, pensou em várias hipóteses, teria ele descoberto o que se passava com ela, ou esquecera que havia prometido libertar ela daquela bola de cristal, ela não acreditava nas coisas que pensara e acabou adormecendo em meio as suas preocupações...
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