domingo, 22 de junho de 2008

O soldado


Seguiu tenso pelo caminho da sombra que vira, entre as árvores e animais da noite, levou inúmeros sustos, ao longe começou a escutar alguns grunhidos, que logo foram ficando mais nítidos, era alguma espécie de canto e junto as batidas esparsas de um tambor, ele sentia que estava chegando próximo ao local em que o vulto estava. Em poucos metros do local pôde avistar a luz de uma fogueira, de repente um grito, a cantiga cessa, um uivo ao longe, e em seguida gargalhadas sem fim, ele estava atrás de uma moita, mas não resistiu e aproximou-se, ficou ali, atrás de uma árvore com um tronco voraz, espiava aquela cena e não acreditava no que estava acontecendo, era uma espécie de ritual, várias tochas formavam um círculo, uma fogueira no centro e vultos de preto a volta formavam uma cena sinistra, de pés descalços logo percebeu que eram mulheres que estavam naquele lugar.


Acima da fogueira havia um caldeirão de ferro muito grande, e seus olhos voltavam para ele, a curiosidade de saber o que havia de tão quente dentro daquele caldeirão estava terminando com sua paciência, mas conteve-se por um momento para espiar o que as moças faziam aquela hora da noite. Começaram a cantar de novo e o tambor começou em um ritmo mais acelerado, elas apontavam para o céu e em roda louvavam as duas luas, a canção termina e uma delas grita fortemente, começava uma oração em língua estranha que o soldado ficara espantado com o tom de voz que saia daquela boca no meio da noite, parecia alguma coisa que vinha de outro lugar...



Ao terminar a reza a moça pega uma tocha e vai em direção ao soldado, espantado, ele agacha com rapidez, começa a suar frio, mas a tocha é colocada na árvore que ele estava escondido, e ela volta ao círculo e começa a mexer no caldeirão. Ele levanta e sem tirar os olhos observa, bacias de barro estavam sendo distribuídas entre as jovens, em fila organizaram-se para serem servidas por sua líder, enchia as bacias e elas voltavam a roda, sentadas com a bacia em frente. Começaram a tomar aquele líquido quente e o soldado ali, curioso. Como a tocha estava bem a sua frente não podia ser visto, mas com a luz que ela aclamava muitos insetos começaram a incomodar o pobre soldado, ele não se conteve com o ferrão de um inseto esquisito que rondava o vento daquele castelo e soltou um barulho de profunda dor, logo todas as moças olharam para o local de onde vinha aquele barulho, levantaram-se depressa, algumas pegaram as tochas, outras lanças, e todas juntas caminhavam em sua direção, olhando espantado o que estava acontecendo sem dúvidas pôs-se a correr em meio ao mato. Os vultos se espalhavam mato a dentro e apenas enxergava o clarão das tochas, ele corria desesperado rumo ao castelo, ofegante e com muito medo, havia perdido a sua espada no meio do percurso, mas segurava com furor sua cruz. Chegava ao final do bosque, e no meio do campo, perto do castelo, depara-se com a figura da Rainha na janela da torre em seu quarto de cristal, contempla por alguns segundos aquele momento, olhou para trás, já não haviam mais sinais dos vultos...


Observação: Imagem acima, criada especialmente para o RPG, por Jouber D. Cunha.

9 comentários:

Andréia Pires disse...

a rainha... me dá ideias de xadrez. :P gostei muito. vida longa ao blog de escrita colaborativa! com ou sem rainhas.. :D

José Antonio Klaes Roig disse...

Pois é, quando coloquei as figuras de bispo, rei, rainha, cavalos (usando uma imagem tua), soldado (lembra peão), quis utilizar algo que remetesse a um jogo mesmo... Gostei d+ da continuação da Ana. O jogo literário virtual está seguindo um ritmo. Breve teremos que assumir cada um uma personagem, e desvendar seu interior... hehehehe :-)

José Antonio Klaes Roig disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Suellen Rubira disse...

eu adorei a prece em uma língua que não faço idéia qual seja! haha
juro que ali no meio li "azeite" mas duvido que seja! tá afu!

Ana Matias disse...

É uma língua secreta!! =D
O Azeite é Aceite, mas pode ser azeite né??!!
Valeu!!

Jow D. Cunha disse...

Tá ficando incrivel mesmo...
A cada postagem ficamos loucos para ler a continuação.
Parece mágica a sequência de textos tendo uma linha exata de proseguimento.
E Ana bom mesmo...
As frases o envolvimento que o texto dá e a Reza em outra língua...
Incrivel...
Parabéns a todos vocês!!

José Antonio Klaes Roig disse...

Oi, Jow. Pois é, a proposta é colaborativa e experimental. Os textos estão saindo sem nenhuma prévia organização de quem vai postar o que... A intuição é que comanda o grupo. Intertextual e hipertextual. Que bom que está gostando. Pra mim está sendo uma experiência única. Um abraço, Zé.

José Antonio Klaes Roig disse...

Oi, ,Jouber, ficou show esse desenho do soldado. Tudo a ver com o post. Parabéns, talentoso amigo! Viva o RPG e a amizade!!! :-)

Jow D. Cunha disse...

Valeu ai Zé!!
Muito obrigado!!!
E viva a amizade e ao RPG!!
E que os dados continuem rolando!!