terça-feira, 29 de julho de 2008

A grande verdade


Em um cenário de pobreza vivia Valeriano, sua vida resumia-se a cuidar da pequena plantação de onde tirava o suficiente apenas para se alimentar.

Fazia duas semanas que a tragédia havia ocorrido. Era um dia frio, chuvoso e Valeriano, como de costume, estava cuidando à horta. De repente viu ao longe sete soldados do Rei se aproximando com espadas a punho. Escondeu-se em meio à pastagem alta e dali viu invadirem sua casa e escutou gritos desesperados de sua família. Valeriano já sabia o que estava acontecendo, havia rumores que seu pai Ciprus era um feiticeiro e estava perto de desvendar “a grande verdade”, isso provavelmente despertou a ira do Rei. Ninguém nunca soube explicar o que seria essa tal “grande verdade”, porém o Rei sempre achou melhor tirar de seu caminho qualquer pessoa que pudesse colocar em risco seu reinado absoluto.

Com frio, fome e tentando de todas as formas, sobreviver às recordações daquele dia infeliz, Valeriano vestiu a longa capa negra que seu pai costumava usar e saiu para dar uma volta pela região. Andou em direção a um morro, lá via todo vilarejo pobre e o enorme castelo ao fundo. Sentou-se numa pedra e ficou ali por horas. Só, só com seus estúpidos pensamentos. Afinal, iria pensar em quê? Ali do alto só enxergava pessoas morrendo de fome, ódio, desesperança. Nunca desejou ou fez o mal. Por que a vida estava sendo tão cruel com ele? Envolto nesses pensamentos acabou adormecendo ali mesmo.

Sonhou que estava em um lugar fechado, escuro, vazio, gélido. Enxergava ao longe a figura de seu pai vestindo sua longa capa negra, sua aparência era boa e o velho parecia desenhar algo no ar. Valeriano tentava correr para alcançá-lo, mas vultos agarravam seus pés e ele jamais conseguia chegar até ele. Seu pai mostrava-se muito calmo, parecia que tinha algo muito importante para dizer, mas entendia que o certo seria deixar seu filho descobrir sozinho. Valeriano acordou, levantou-se assustado e correu de volta para sua casa. Relembrava de cada detalhe do sonho. O que seu pai queria lhe dizer? Ao retirar a capa negra notou algo diferente, havia alguma coisa dentro do forro daquela capa. Valeriano resolveu verificar o que era, retirou a costura cuidadosamente e lá encontrou um papel envelhecido pelo tempo que continha algumas palavras e um desenho que não conseguia identificar, pois nunca havia visto nada parecido.

“Na escuridão a luz brilha mais forte
Entenda que vida segue com a morte
Se o meu pesadelo contém uma negra veste
É porque luto com a espada celeste
A grande verdade será revelada

Assim que um coração puro encontrar a espada”

Observação: Imagem acima, desenho de Jouber D. Cunha , feito especialmente para o RPG.

5 comentários:

José Antonio Klaes Roig disse...

Oi, Lê!!! Muito boa a tua estréia no RPG. Valeu a pena esperar. E os versos, ao final do texto, estão ótimos. Que os dados continuem a rolar no RPG. Um abraço, Zé.

Andréia Pires disse...

Leandro... me lembrou tanta coisa esse teu texto. gostei muito. bjo, bjo.

Ana Matias disse...

Muito bom o texto, adorei!!
Beijokas!

Jow D. Cunha disse...

Parabéns curti muito também!!
:)

José Antonio Klaes Roig disse...

Oi, Jouber, muito criativo teu desenho sobrepondo o poema a imagem. Parabéns, migo, estás sempre surpreendendo. E viva o Movimenta FURG, dia 20/8, das 9 às 17h, lá no campus Carreiros, na "bolha" (ginásio coberto) do centro esportivo. Já coloquei notícia sobre o evento no blog Literatura em Teia. Abrs, Zé.