domingo, 21 de setembro de 2008

Cristal e seu desejo secreto

Ao amanhecer no reino, a princesa Cristal acordara aflita e sentira uma vontade que lhe afligia há anos, ela necessitava do mar, o mar que ouvira falarem, o seu maior anseio. O reino de estranhos era banhado pelo mar em todos os lados, e a beleza que o caracterizava era singular pelas vistas perfeitas e fontes de inspiração por todos os cantos. Quando sua ama acordou pôs-se a contar-lhe que naquela noite havia sonhado com mar, que almejava senti-lo, tocá-lo e necessitava de forma absurda um contato com o maior ser que já ouvira falar... sua ama não soube como fazer, e o que fazer, restou-lhe a vontade de ajudá-la, mas mesmo assim a pobre ama não hesitou em ressaltar:

- Minha menina de ouro posso tentar, de alguma forma, mesmo que saias daqui as escondidas, mas terei de ter contigo mais tarde, pois tenho medo de confusões e o reino não anda muito calmo ultimamente. Veremos minha jovem! Veremos!

Cristal apenas sorriu, nada mais, no fundo sabia que sua ama realizaria seu desejo, mesmo que fosse as escondidas. Alguns momentos se passaram e ela já estava aflita, não sabia onde teria ido sua ama, nem a quem ela poderia contar para realizar o seu desejo, mas sentia uma forte sensação de esperança que brotava-lhe gotas de cristal nos olhos, Cristal estava emocionada com a possibilidade de sair um pouco do Castelo de Messiter e conhecer aquilo que tanto falavam e ostentavam como a maior fonte de vida do Universo... Certa vez ouvira uma história de um pescador e poeta, e que no mar perdeu a sua amada, mas que havia salvado seus escritos, ela achava linda a história, embora ao fundo fosse um pouco absurda, pois se tanto amava a mulher, o pescador de certo a salvaria e não um livro com alguns escritos...

- Minha menina!
Exclamou a ama.

- Mais tarde, mais tarde terás teu sonho realizado, vamos ao mar, mas não lhe contarei o ajudante que arrumei, pois sei que se algo acontecer ele poderá pagar muito caro, por isso ele será apenas uma sombra amiga que nos levará ao tão desejado mar de minha menina de ouro.

A princesa concordara com aquele pedido de sua ama, ela sabia que poderia confiar em seus contatos, e qualquer ajuda naquele momento seria bem vinda, pois já sentira o frio na barriga desde já.

A carruagem estava ao fundo do Castelo de Messiter, aquele horário da manhã poucos passavam por aquele local, a ama levava Cristal com cuidado e a instalava de forma confortável ao banco rodeado de véus brancos por todos os lados, assim seria impossível reconhecê-la ao sair do reino. O cocheiro avançava de pressa por entre o bosque e logo mais chegaria às dunas de areia, Cristal murmurava para sua ama o cheiro que sentira durante o caminho, o mato, as flores, o cantarolar dos quero-queros e demais sensações que só ela havia o dom de sentir, de repente deparou-se ao cheiro do mar, não lhe agradou de todo em sua primeira impressão, mas logo sentiu-se como uma descobridora dos mares, dos 7 mares. A carruagem havia parado, seu guia secreto não havia falado nada até chegar ao local mais escondido daquela imensidão litorânea:

- Chegamos minha majestade! Creio que seja de seu agrado... e estamos perto de pedras, que podes subir e sentir mais de perto a brisa do Mar, ou ainda colocar seus pés na água, apenas sentando-se a uma linda pedra ao sol!

A princesa estava sem palavras, não havia vocabulário para a descrição de tantas sensações, realizara seu desejo, sentia o cheiro do mar, tocava na água com seus pés, e ainda ganhara conchas de seu cocheiro secreto. Adorava aqueles momentos, não queria que acabasse nunca tal momento, a areia fez lembrar algo familiar que não conseguiu decifrar, a suavidade de seu toque, a água batendo em sua canela, todas sensações que mais tarde descrevera para seu escriba, já em seu aposento majestoso...

O Mar

Hoje quis sentir o mar,
Tocá-lo, pegá-lo, senti-lo,
Foi incrível! Absolutamente!
Enfim, seu cheiro em meu nariz eu pude sentir,
Seu gosto em meu hálito, e como fez palpitar meu coração,
A suavidade de sua agressividade batendo aos meus pés,
Espantei-me ao sentir o prazer das águas...
Seu perfume infinito, e sua grandeza profunda,
Suas areias, e suas conchas, sua maior vida!
Mar, imenso Mar!
Que um dia hei de te olhar!

Um comentário:

José Antonio Klaes Roig disse...

Oi, Ana. Parabéns pelo post sobre a Cristal. Muito bom. Ontem completamnos 3 meses de posts. Já passamos das 1.200 visitas. Parabéns ao RPG. Abração, Zé.