quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Valeriano busca respostas

Para acabar de uma vez por todas com tanto mistério. Valeriano, aproveitando a mudança da lua, vestiu a longa capa negra e saiu decidido a colocar tudo em pratos limpos. Era uma noite fria e clara, o rapaz percorreu todo o caminho com passos longos e apressados. Após cansativa caminhada, finalmente chegou ao seu destino: a floresta.

Embora a lua iluminasse todo o vilarejo, na floresta tudo era muito escuro devido à grande quantidade de árvores que ali existia. Com medo e curiosidade seguiu. Continuando a caminhada entre a escuridão. Não sabia para onde ir, tudo era muito igual. Foi quando viu ao longe uma imensa claridade e seguiu até ela. Ao chegar mais perto verificou se tratar de uma imensa fogueira com algumas pessoas ao redor, elas estavam com seus braços erguidos, gritando frases em um dialeto não compreendido pelo jovem, pareciam exaltar algum deus ou coisa do tipo. Para sua surpresa, todos vestiam uma capa negra igual a sua. De repente silencio e alguém tomou a palavra:

- Amigos, há algum tempo estamos caminhando com nossas próprias pernas, visto que nosso mestre já cumpriu seu tempo nesta vida. Esta noite é especial, um dos nossos que ainda não se recorda de nosso grupo está perto. Chegou para tomar o papel de líder e assim como seu pai, honrar a natureza e utilizar seus poderes e encantos para acabar com o foco de distribuição do mal, desvendando a grande verdade e nos devolvendo nosso objeto mais estimado.

Valeriano escutava a tudo com atenção, pensava em quanto mistério envolvia aquele grupo. Havia algo de diferente no ar. Por mais loucura que tudo aquilo podia parecer, ele sentia uma estranha sensação de não ver tudo aquilo como novidade, parecia já ter vivido algo do tipo. Respirou fundo e foi em direção ao grupo. Foi quando aquele que falava ao grupo calou-se e ordenou que todos os demais reverenciassem Valeriano. Instantaneamente, todos retiraram os capuzes e ajoelharam-se perante Valeriano. Quando percebeu, ali estava o rapaz de uma vida triste e solitária, sob uma lua cheia, com sete pessoas ajoelhadas aos seus pés e o calor da fogueira a esquentar a face.

- Queiram me desculpar, mas o que está acontecendo? – Perguntou Valeriano. Minha vida se transformou em outra coisa de pouco tempo para cá. Agora um bando de loucos que usam uma capa igual a do meu pai dizendo que estou aqui para substituir o líder. Eu sou apenas mais um sobre essa terra, não faço diferença nenhuma. Preciso apenas cuidar direito da minha horta para não morrer de fome e assim são todos os meus dias. Nunca fiz o mal, sempre procurei agir corretamente como me ensinou meu finado pai. Por que isso? Qual o mistério por trás de tudo? Por favor, me respondam! Eu não agüento mais!

Após alguns minutos de silencio, a pessoa que estava discursando pouco tempo atrás e se parou na frente a Valeriano. Era uma mulher alta, cabelos negros e olhando dentro dos olhos do rapaz disse:

- É chegada a hora, Valeriano. Seu retorno ao nosso grupo é muito bem vindo. Feche os olhos e tente se lembrar dos fatos. Irei lhe contar tudo.
O rapaz, ainda que desconfiado, seguiu as orientações e fechou seus olhos. Foi quando a mulher começou a falar:

- Há três vidas passadas nosso grupo...

Um comentário:

José Antonio Klaes Roig disse...

Oi, Le. Belo texto, que remete a mais enigmas que ao final dessa narrativa irão montar esse quebra-cabeças intuitivo de um blog literário em colaboração virtual. Parabéns. Um abraço, Zé.